terça-feira, 14 de junho de 2011

Dicas: INOve

DO IT! BOOOM
 I lov this face!
wE're fuk@#$ awesome!
That's the real fire.
 GONNA BREAK THE LAWS
Can u feel it?!
 I wanna Mary u!
U should dance man! What a party, HUM?!
 Oh yeaaah
 Sweeeeeet
  AGAIN?


I love repetition
AQUI TEM O SUFICIENTE PARA NÃO ME DESAPONTAR EM UMA FESTA.

COMENTE. xD

domingo, 5 de junho de 2011

Quando o mundo inteiro disser...

Quando o mundo inteiro disser que você não pode, esta é a hora perfeita de agir, meu caro.
Pois veja bem, já se disse que padres eram santos,amantes eram só sexo, drogas eram para marginais e bebida, essa sim, para homens ricos de bem.
O mundo está certo? Sim, e ele dá voltas.
Quando o mundo inteiro disser que você é novo demais para ser um astro, essa é a hora perfeita de apagar a luz e mostrar seu brilho.
Pois veja bem, amar era puramente para os românticos, jogar para os profissionais, maquiagem para mulheres, e tatuagens para marinheiros.
O mundo está certo? Sim, e ele dá voltas.
Quando o mundo inteiro gritar que você esquece rápido demais das coisas da vida, explique que nada se esquece, nada se muda, tudo se... cura?
Pois veja bem, roupa justa era coisa de maricas e sair com pouca roupa era coisa de puta que perdera a razão; beijar na boca em público era visto como imoral e a própria imoralidade se combatia com a Igreja.
O mundo está certo? Sim, e ele dá voltas.

Então quem é a porra do mundo pra dizer que eu não posso ?











O mundo está certo? Sim, e ele dá voltas .

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Psicologia do amor

Eu achava que escrevia sobre amor, mas escrevia sobre aquele que um dia viria...

Eu achava que escria sobre paixão, mas era apenas uma apaixonado pelas dores que nunca antes sentira.
Eu pensava que conhecia o coração, mas ele era apenas um órgão que meramente batia.
Agora escrevo sobre as coisas que vivi, as dores que senti, os risos que perdi... na tentativa de me fazer refletir;

Digo, sem pesar, que nunca soube administrar, essa coisa toda da psicologia de amar.
 Quem sabe um dia eu entenda as vozes que partem do meu peito, sem partir o meu peito, nas vozes que desconheço.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Ponho o pé pra fora,tá mais gelado que no meu freezer,
vejo as estrelas,o céu tá lindo pra caralho.
Dou um sorriso solitário,me sinto um otário,mas abro mais uma cerveja.
Oh veja,mais alguém não consegue dormir. Deveria rir?
O dia foi tão bom ,tô curtindo um som,vai ver é insônia.
Eles estão fumando um cigarro,pensando em dar uma volta de carro,nada muito chique.
Uso minha jaqueta de couro de brick e minha velha colônia 
Então viro um rock star e o chão vira mar,tudo tão natural. 
Daí penso. E repenso e vejo e almejo.
Queria ser um animal,penso,uma gaivota,um ser ancestral,atemporal.
Talvez esta seja a resposta que procurava,ao me jogar ao frio da madrugada.


Eu sou fantasia viva. Álcool,sangue e rima.
Amor é marginal, eu sou apenas um solitário animal.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

               
                   Tragédias movem os maiores escritores a escreverem os melhores livros.Vivem na total miséria e morrem em amarga solidão. Então seu trabalho,como que com o ar fétido da morte, ganha dimensões nunca antes vistas. Eles em algum momento saberão disso?Do quão grandes tornaram-se, de como suas palavras tocaram corações... ou serão eternas almas torturadas? 


De algum lugar,entre poeira,cheiro de pergaminho e grama cortada,uma voz responde:


- Não importa o quão dolorosas sejam as palavras,se forem sinceras e contribuírem para o crescimento do espírito,você terá plantado uma sementinha. Aí na Terra vocês dizem que antes de morrer devemos escrever uma árvore,ter um livro e plantar um filho, ou algo assim...mas creio que sem fazer nada disso,fiz muito mais.


- Não seria o contrário? - respondo para onde a luz ainda bate,algum lugar perto da janela...o cheiro de grama está fraco,assim como meus olhos relutantes em fechar ou abrir,não sei se é sonho ou real,mas sinto ambos.


- Esqueci como era ser assim. Como você. Como todos somos quando estamos aí. Sempre a pergunta errada,no momento certo. Foco demais estraga uma boa foto sabia? A totalidade é tão bela,por que se concentrar na casca,quando se tem um caule?


- Sabe,cansei dessa conversa de louco,estou tendo conflitos internos e meu cérebro pifando! O melhor é dormir mais um pouco.


- Pena que vai chover.


- O quê? Aff,droga.


O som agora era eco,a janela aberta recebia pesadas gotas na minha cama e rosto. Acordei tão assustado quanto não dormi.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

10 fatos.

1°- Eu deveria manter meu celular mais vezes ligado,porque odeio ouvir a voz da secretária eletrônica me dizendo que você não está.
2°- Eu deveria pegar mais sol e correr pelas calçadas brilhantes mais vezes,porque odeio saber que perdi mais uma tarde dormindo demais em uma cama que não a sua.
3°- Eu deveria beber menos,porque odeio te ver tão alto que não consegue alcançar algo tão puro e térreo como um sorriso meu.
4°-  Eu deveria parar de planejar, porque sei que você se deixa levar pela mais leve brisa e quando se planeja, nada dá certo.
5°- Eu deveria ser menos irônico,irritadiço e tempestuoso porque você é isso por nós dois.


6°- Deveria me preocupar menos com segredos,mas não consigo,essa é nossa maior ligação.
7°- Deveria me esforçar menos para parecer menos esforçado.
8°- Eu sei que deveria pensar menos no que as letras de músicas querem me dizer e começar a escrever minha própria.
9°- Sem dúvidas não deveria desabar em um blog o que deveria estar dizendo para você.
10°- E por último,jamais,em hipótese nenhuma deveria imaginar você quando beijo alguém, isso faz de mim duas vezes mais cafajeste. 


O que me faz sentir não tão mal assim é saber que você, leitor,em alguma fase da sua vida,passará por tudo isso,dará risada,dirá que já superou e então se apaixonará novamente.

domingo, 29 de agosto de 2010

Dicas II

Embarcando nessa idéia de compartilhar os gostos musicais,resolvi postar mais frequentemente dicas de músicas!
Sem muita enrolação,quero mostrar duas músicas de Janelle Monáe. Uma se chama Cold War e a outra,mais dançante e mostrando os dons de Janelle,Tightrope, que vem da dança e passa pela atuação,a voz impecável demonstrando seu estado de espírito:


Videoclipe:(http://www.youtube.com/watch?v=lqmORiHNtN4)

So you think that I'm alone
That being alone is the only way to be
When you step outside
You spin like fire for your sanity
This is a cold war
You better know what you're fighting for
This is a cold war
Do you know what you're fighting for ...






Some people talk about ya
Like they know all about ya
When you get down they doubt ya
And when you dip it on the scene
Yeah they talkin' bout it
Cause they can't dip on the scene
Whatcha talk about it
T-t-t-talkin' bout it
When you get elevated,
They love it or they hate it
You dance up on them haters
Keep getting funky on the scene
Why they jumpin' round ya
They trying to take all your dreams
But you can't allow it
(chorus)
Cause baby whether you're high or low
Whether you're high or low
You gotta tip on the tightrope
T-t-t-tip on the tightrope

 http://www.youtube.com/watch?v=pwnefUaKCbc&feature=channel
A outra banda é MGMT,com Kids! 
http://www.youtube.com/watch?v=bIEOZCcaXzE&feature=related
You were a child
Crawling on your knees toward it
Making momma so proud
But your voice is too loud
We like to watch you laughing
Picking insects off plants
No time to think of consequences


(Chorus)
Control yourself
Take only what you need from it
A family of trees wanted to be haunted
Control yourself
Take only what you need from it
A family of trees wanted to be haunted





Dicas \o/

 Esse será um post de dicas! Sim sim,dicas de filmes,dicas de músicas...vou tentar não apelar muito para o POP,ou seja,vou dividir minhas pérolas com vocês. Pelo menos é assim que nos sentimos,quando temos uma banda que só nós conhecemos,um filme que poucas pessoas viram... vamos globalizar as idéias!
Começando por músicas,quero apresentar para muitos Alexander Rybak!



É um cantor,violinista e ator norueguês.Ficou conhecido após vencer o festival Eurovision 2009 e ele tem excelentes músicas como a conhecida ...


http://www.youtube.com/watch?v=fBFFlL58UTM  (clique aqui para assistir o video)


Fairytale:
Anos atrás, quando eu era mais jovem                                         

Eu meio que gostava de uma garota que eu conhecia
Ela era minha, e nós eramos um amor
Isso foi antes, mas foi verdade
Eu estou apaixonado por um conto de fadas
Mesmo que isso machuque
Eu não me importo de perder minha cabeça
Eu já estou amaldiçoado       

Tem essa banda também,a Yolanda Be cool, que está ficando mais conhecida agora. Tem uma música perfeita e dançante que é 
                                             We No Speak Americano 
         http://www.youtube.com/watch?v=CR8logunPzQ (clique aqui para assistir)

Comme te po'
Comme te po'
Comme te po' capì chi te vò bene
Si tu le parle 'mmiezzo americano?
Quando se fa lammor sotto 'a luna
Come te vene `capa e di: “i love you!?“
Fa fa l’americano
Fa fa l’americano
Fa fa l’americano
Fa l’americano
Fa fa l’americano
Fa fa l’americano
…whïsky soda e rock’en’roll (x3)...
                             A terceira e última música que vou apresentar hoje é Blue Eyes, do Mika!
                             (http://www.youtube.com/watch?v=8I9UJ_eayiY) (ouça aqui)

Muitos conhecem o cantor,mas essa música é tão relaxante,gruda na cabeça e tem uma mensagem legal:
Seu coração está partido
Para a sua surpresa
Você está cansada de chorar
Por olhos azuis
Tão cansada de viver
Mal-entendida
Pense bem mulher, Eu acho que você deveria ir... ..para tristeza é tão peculiar ela vem em um dia, isso nunca ira te abandonar. Você toma uma pílula, deseja que isso te concerte,então quer saber porque a tristeza nunca te deixou. Eu estou falando sobre olhos azuis, olhos azuis.Qual é o problema, problema? Olhos azuis, olhos azuis.Qual é o problema, problema? Tão cegos, tão cegos. Qual é o problema, problema olhos azuis, olhos azuis
Qual é o problema com vocês?

                                           
                                      O único filme nesse Post de dicas é o Clássico musical HAIR!
  De passagem por Nova Iorque, um dia antes de se alistar para a ir a Guerra do Vietnã, um rapaz do interior conhece um grupo de hippies, com os quais passa a conviver. Com eles, ele aprende a ver o outro lado de uma guerra, e se apaixona por uma jovem de família rica.

Era isso pessoal,se conhecem e gostam ou se adoraram depois desse post,não esqueçam de comentar! ;)

quarta-feira, 25 de agosto de 2010





Vou contar uma história,nem triste,nem feliz. Apática assim. Sem motivo óbvio,ou razão oculta,apenas palavras que na ordem correta,seguem um raciocínio. Era uma vez,como em tantas outras vezes,um menino. Sem atrativos,sem ganhos ou perdas,ele era uma folha de papel. 
                                          Vazia,amassada e jogada fora.
Mas sabe quantas árvores foram mortas para esse menino nascer?Apenas uma.Aliás,o nome do menino era Tu,o nome da árvore,Nós.Nós morreu para que Tu podesse nascer.Nós amava os pássaros cantando ao seu redor,assim como toda aquela vida verde que corria em suas nodosas veias.

Nós foi abatida por golpes sucessivos de um machado sem fio,
                                                                                          e caiu,
                                                                                                   sem som algum no chão s e c o.

Todos pararam para ver Nós.Uma das pessoas da multidão,era a querida Ela.
Ela ergueu os galhos machucados de Nós e destes,fez Tu. É filho da vida e amigo da morte.Tu foi amassado,revivido,Tu foi amado e cortado sem medo.Ela amava Tu,Ela amava Nós,Ela tinha um coração gigante.Desenhou em Ti (como os íntimos chamam) uma árvore verde,azul,roxa,anil.
Ela não se importava com as cores reais.Ela era tão amável em seu mundo imaginário,que deu vida a Ti. Tu descobriu que podia ser mais que um papel,então exerceu o seu papel,de ser ele mesmo.Tu cresceu,e virou Vocês.Ela,tornou-se Nós,em homenagem a velha árvore.Eu sou um fruto de Voz,que morreu assim,como todos nós,nem triste,nem feliz.Apático,sem oculta razão,ou óbvio motivo.Voz odiava cores. Voz morreu cinza.

Eu parei de escrever por um tempo.Porque o tempo havia parado de escrever por mim. Agora minhas inspirações voltaram como um sopro de brisa,e teu nome já não é mais pecado.

Sorrisos confidenciados,sobre as páginas não lidas,apenas ridas,de uma noite não contada.
O calafrio na pele,quando pele encosta em pele,pelo pêlo da pele.
Teu nome soa como música,cantada em pensamento.Você ouve cada partitura e ri no silêncio do firmamento.
Quem não sabe o que firmamento,tão belo,significa,eis que te direis: é aquela abóboda celeste no qual as estrelas se fazem ver.
Não pude crer,ao pensar,que apenas caixas d'agua te posso dar,mas mesmo assim,quando chover,te dou cada gota de um novo amanhecer e encosto no pêlo da tua pele e por ela me perco e me acho,me faço de bobo,e assim,construímos abóbodas de risos. Apenas e sem esforço algúm, rindo.

Dirty Little Secrets are forever,my darling. Never forget it.  

domingo, 8 de agosto de 2010


Senti falta do poder, se é que já pude tê-lo.
Poder ponderar sobre as escolhas dos outros e governar sobre o pomar do desejo.
De entrar em meu reino de olhares e comprar o silêncio e os falares.
Tendo o poder do sorriso, do elogio e do vício.
Me senti solitário, sobre poder não ter mais poder. Ponderara sobre meu pomar.
Irritado, joguei maçãs àqueles que me tinham por perdedor e com o veneno da casca, matei o roedor de meu escárnio.
Agora, verás meu novo eu, tão semelhante ao antigo velho, tão melhor que o passado ontem.Poderás aplaudir novamente, falso vidente, pois em nem todas maçãs havia veneno.Alguns roedores nasceram pra roer. Roa meu poder,verás que dele tudo entendo.Aposto meu pomar e nele tudo vendo.


domingo, 1 de agosto de 2010

Admirável mundo velho

           Como o controle remoto funciona?Qual é a intensidade do campo eletromagnético da sua televisão? Nos achamos tão modernos,tão cultos e olhamos para as gerações do passado como se fôssemos melhores.Mas queridos,uma dica,não somos. Não conseguimos explicar sem recorrer aos cientistas.Mas e quando recorremos e eles são incapazes de nos dar respostas plausíveis? Um livro fantástico,chamado "Eram os Deuses Astronautas?", nos chamam para questionamentos interessantíssimos. Basicamente ele nos mostra ... bem,deixe-me tentar explicar:


BÍBLIA:  "E aconteceu quando os seres da Terra aumentaram em número sobre a Terra. E as filhas eram geradas por eles. Que os filhos de Elohin viram que as filhas de Adão eram compatíveis e eles a desposavam como bem entendessem". Gênesis 6 : 1,2."

O termo Elohim, citado em Gênesis,também é conhecido por Reptiliano ou Anunnaki. 
5.000 a.C (reparem na ombreira metálica e o cinturão,mais Lady Gaga impossível,certo?Totalmente atemporal)
( Falando em roupas,acho que os Homens da caverna não precisavam de coletes espaciais nem de capacetes,certo?)

"Teoria dos astronautas antigos é um termo usado para descrever a crença de que criaturas extraterrestres inteligentes visitaram a Terra e as civilizações do passado distante e que tal contato está relacionado com a origem ou desenvolvimento da cultura humana" - wikipedia.

               A idéia é fortificada,pois TODAS as civilizações,em TODOS os tempos,sempre descreveram "deuses" vindos dos céus.Montados em carruagens luminosas,disparando raios,mostrando segredos para os humanos (pequenos presentes). Divino,não? Espírito Santo engravida uma mulher virgem,luzes no céu guiam os Reis magos,o pai de Jesus está no Céu,é o Universo,é um ser mais inteligente...um et?Não se ofenda,só questionamentos.Com toda a tecnologia que temos hoje,com o máquinas mais fortes que mil homens,e não poderíamos construir as Pirâmides do Egito ou Macchu Pichu mesmo que quiséssemos.
                  Tem um fato que me aguça a curiosidade. Já ouviram falar na Estrela Sirius?Sim,ela é bem conhecida.Mas o fato de existir uma estrela menor,ao lado dela,invisível ao olho nu,aí é novidade para muita gente.Bem,nem todos. Na década de 1940,a tribo Dogon,da África Ocidental,foi estudada por dois antropólogos frances.Os nativos descreveram estrelas distantes e sistemas solares curiosos,segredos contados por visitantes que vinham do Céu,tradição de centenas e centenas de anos...apenas em 1862,os astrônomos Ocidentais descobriram a existência da pequena estrela.

 

Meus amigos,esse post não é para mudar nenhum conceito ou criar algum novo. Apenas para lembrar que em todo mistério há uma verdade. E a busca pela verdade pode ser massacrante ou divertida,contudo,é sempre o certo.



sexta-feira, 23 de julho de 2010


Não seja tão medroso,
                              pule mais um degrau.
                                                 Q
                                                    ueb
                                                         re a perna e chore pela mamãe.
Faça um curativo e beba uma cerveja.
Assunto de homem.Código estúpido.
T r i t u r e seus conceitos,q
                                         u e
                                              bre alguns pratos,fume alguns cigarros cigarros cigarros
Gosta do tabaco?Não...medroso.
Gosta do cheiro do couro?Não...mentiroso.
Fure pneus, sinta-se livre, mafioso.
(Dobre a pena)²,dessa cela tão pequena,e troque de pele,cordeiro.
Perdeu seu isqueiro?Ponha fogo na casa,na cama,no computador.
Sinta-se vadio,livre como um maldito pássaro do deserto.
Agora voa,porra,voa porque o mundo é de um certo esperto.

domingo, 18 de julho de 2010

Somos puro plástico
Com egos elásticos
Sem articulações
ou corações.
Somos pura porcelana
Com consciência leviana
da vida lá fora.
Somos bonecos surrados
amarrados na verdade.
Não nos permitem sair de nossas caixas lacradas
Mas assim são nossas vidas,travadas no tempo
Dizem que somos fúteis em tudo,mas não veem o mundo
como eu tento.

Somos carinhosos,vergonhosos e odiosos em nossa natureza.
Somos beleza de um sorriso ou olhar,somos a dor de um solitário vagar.
Ora sim,ora não,encontra-se um sabiá,de plumagens belas,que se põe a cantar.
Assim nossos corações inexistentes,nascem de canções sorridentes,pois só assim,se pode amar.
Dizem que somos extravagantes,irritantes,hilariantes.
O que é verdade e sabotagem.
Eles ficam cercados em suas brumas da mesmice enquanto inovamos nossa tosquice,fazendo-nos sempre algo a se falar.

Enquanto isso somos apenas bonecos estáticos em nossas caixas de plástico!




sexta-feira, 16 de julho de 2010

A última que sorri.



Um cavaleiro altivo se aproxima,rasgando os cascos do cavalo em cascalho cru
A névoa encobre o dorso branco de ambos e tudo o que vejo é seu elmo a reluzir fracamente.
A luz da manhã está tísica,triste,assim como o povo que espera seu herói.
O cavaleiro tira seu elmo,atira sua armadura e finca sua espada.
Com voz solene,abafada,declara:
- Saudosos amigos,vivemos em harmonia outrora,mas agora o mal encobriu com seu véu de dor nossos acampamentos,envenenou nossa água e matou nosso Rei.É com pesar que digo em nome de nosso povo,cansado do sono eterno e do fardo da Guerra,que humildemente desistiremos e lançaremos nossos destinos à sorte D'aquele que a nós comanda.
A luz caiu,e a manhã não mais sorria para os homens,mulheres e crianças.
Exceto uma menina.
Seus cabelos cor de ouro bruxuleavam uma chama invisível e seus olhos eram serenos como o mar do Norte. E ela disse,com todo o mel das colméias e com uma voz aveludada tal qual flor nenhuma poderia:
- Por quê?
E sua voz ecoou límpida acariciando todos os ouvidos como um sussurro maternal de vento.
Olhos assombrados agora estavam cravados nessa menina.
- Eu não quero que minha mãe seja escrava do mal,que meu pai forje espadas que me matarão.Não quero ver nossos campos reduzidos a pó.Eu quero ser livre!
E então ela chorou copiosamente,todos os rios da terra,e enrubesceu seu rosto até um púrpura de dor.

O cavaleiro,tomado de um assalto de pena e coragem,pulou pelo lado esquerdo de seu cavalo e jogou-se aos pés da pobre menina.

- Juro-te ter feito o máximo para restaurar a paz e derrotar o inimigo,mas nosso lado foi o infortunado perdedor,minha querida.
Ela parou de chorar,de sorrir e falar,apenas fixou seu olhar d'gua-esverdeado nele.
- Então acabou meu papel aqui?- disse a menina após um longo intervalo. - Nunca abandonei seu povo,os homens e até mesmo os animais,e é isso? O fim? Não me diga que é.
 O homem recuou assustado.
- Quem é você?
Ela sorriu.
- Sou sua melhor amiga,estarei com você e com todos até o fim. Sou a ESPERANÇA,meu caro.
Ela caminhou em sua direção, saltitando,sorrindo e cantando uma canção fantástica.Retirou o elmo e o coroou-o no belo cavaleiro e ainda cantado,curou o cavalo com o acariciar de suas mãos delicadas.Antes que percebesse, o homem estava montado,galopando com ferocidade para dar a notícia mais pura e feliz: Povo algum desistirá da luta!Reconstruiremos nossas casas,corpos e mentes enquanto houver uma criança sorrindo!

BREU: Fotografia/filmagem (parte 3): " Ele entrou,ela saiu"


Oh,parece que consegui uma excelente fotografia para vocês,não é?Mas definitivamente é uma pena que não tenha me atrasado alguns minutos para tirá-la.Poderia ter apreciado a vista de uma cidade sem luz e sem vida um pouco mais,ou ter notado a real distância da casa para a cidade,como ela ficava imponente no topo da montanha ou até mesmo como ela soava perigosa pela isolação natural. Talvez se tivesse feito alguma dessas coisas poderia ter agora uma foto muito mais clara,com tons alaranjados lindos,um homem misterioso e loiro,intrigas antigas e novas,todas prontas para estourar. 
  Mas nada é perfeito,certo?Eu consegui mostrar em detalhes negros,prata e azulados pra vocês, a situação do temporal,da chuva e do medo que se instalou.Mas não se preocupem,continua chovendo torrencialmente e o medo não é menor,mas as coisas evoluem de formas estranhas.Pessoas encontram-se em lugares que nem sempre deveriam estar, situações se criam quando menos se espera.Acho que é a fórmula mais simples para definir o acaso e o destino.
Eu admito que fiquei vendo essas mulheres mais do que deveria.Eu não fugi quando o vento ficou mais forte,ou quando pensei que Marie tivesse me visto.Sou um tolo e como todos os tolos,sou humano.Morro pela minha curiosidade e tenho um apetite voraz para histórias.Eu não pude partir quando eu vi nosso novo personagem entrando em cena.

Deixe-me filmar:

[  REC °]           14:12 h



Contra a correnteza de um novo rio em ascensão,afogando-se com a água que caia dos céus e com a água que lhe batia quase nos joelhos ossudos,subia um homem alto de pele acinzentada e olhar excruciante.Enrolado em um casaco negro e retalhado,típico de moribundos, ele arrastava a perna esquerda com muita dificuldade e que de longe dava a impressão de ter centenas de rubis cravejados,mas à medida em que o homem se aproximava da porta entalhada,pude vê-lo melhor.O osso branco e escarlate do fêmur do nosso Mensageiro era repugnante,assim como o cheiro de ferrugem característico do sangue que aos poucos impregnou meu nariz e revirou meu estômago,com o simples soprar do vento.                                                                                                                                       Ele chegou à porta  de madeira escura,aquela com animais entalhados,branco como o gesso,duro como o próprio osso que teimava em querer deixar a massa molenga que era a sua perna.O lábio fino se mexia rapidamente,ele gritava.Os olhos azuis e inchados choravam,mas logo a chuva tomava para elas as gotas que escorriam e limpavam os arranhões do seu rosto.Logo ele viu a janela,grande e que ocupava toda a parte da frente da mansão.Arrastou-se o melhor que pode e então viu-as.:Uma velha,uma loira,uma mulata,uma ruiva e uma morena. Cada uma de um pêlo,pensou.Mas todas tinham algo em comum.Usavam um vestido branco e azul,rendas em baixo e nas mangas,eram empregadas e se vestiam como tais.Nenhuma ali era franzina e arrogante como a mulher que ele procurava.Ele não estava gritando quando elas o fitaram,sentindo o pânico crescer dentro de si.Também não estava batendo no vidro,apenas desejando que uma delas fosse burra o bastante para abrir a porta para ele.O homem,agora que tinha a atenção da platéia, olhou para trás e depois para elas,improvisou a melhor cara de dor (não fora difícil,ele a carregava desde o nascimento) e desabou bem embaixo dos seus olhos.



 O ruim é que nem sempre consigo descrever os acontecimentos em tempo real.É preciso manipular o tempo e os pensamentos para uma melhor descrição.Deixemos de lado o homem caído da nossa filmagem e voltemos para a sala com sombras alaranjadas.



O sofá parou de tremer.Era loiro.Tinha cabelos loiros e molhados até os ombros firmes e levemente arqueados.Esse sangue seria seu,estaria muito machucado?Ou então teria matado alguém?A polícia poderia estar em seu encalço.Era lindo e lembrava o Dieguito.Era misterioso e trazia à tona pensamentos há muito enterrados,afogados.Ele lembrava Ricardo.Oh,Deus,era muito parecido com Ricardo.Seria ele?Não,teria de ter mudado,muito tempo se passou desde então.O homem escorregava lentamente,a cabeça parecia estar cada vez mais pesada.Estaria ele morrendo ou fingindo?Oh,virgem Maria, porque está acontecendo isso logo hoje?!Teria realmente trancado a porta?Já nem tenho certeza mais se ela está fechada,menti para Marie.Se eu soubesse,se eu soubesse desse homem!Mas não,tudo ficou entre ela,Cássia e Jaque,o trio maravilha!E agora?

  E agora?

Você consegue imaginar que pensamentos turbulentos,confusos e até mesmo contraditórios pipocavam entre suas cabeças?Um minuto se passara e elas continuaram ali.Paradas,esperando o sangue congelar totalmente,esperando alguma atitude dele.Ou delas.Mas nada ele fez durante esses 1 minuto e 20 segundos que se passou.Elas só pararam de tremer um pouco,o sofá estava praticamente vivo.Todas sentiam algo.Ninguém sabia o que era. Cecília levantou-se, o rosto um pouco vacilante. “Eu vou abrir”,disse com uma voz fraca,sem emoção.Caminhou ignorando os protestos de Ana Paula e Jaqueline,que consistiam em : “Não!”. “Você está louca?” e “Pelo amor de Deus,Ciça,não dê mais nenhum passo!”.

Marie levantou-se,o rosto decidido.Era apenas um borrão quando a porta da cozinha deslizou e fez clék. Estava fechada,selada por dentro.Os sons  foram distintos:uma gaveta de correr abrindo e fechando,talheres e o silêncio.

Cecília abriu a porta de madeira,lutando contra o vento e desapareceu na escuridão.

Ambas as portas abriram-se.As duas explodiam em contrastes de cores. Da escuridão surgiram duas novas pessoas.Da chuva,um homem magro e ossudo,totalmente apoiado em uma negra.Da cozinha,algo que outrora fora semelhante à Marie,agora sem traços de bondade ou sequer de humanidade.Era apenas um rosto seco,sem vida e incrivelmente inacessível.Fechado para humanos,aberto para instintos defensivos.O avental florido e amarelo firme na cintura,uma faca de cortar carne,lâmina laranja,em riste.O estranho Mensageiro entrou e uma nova Marie saiu.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

BREU: Fotografia (parte 1): "A luz apagou-se e foram mergulhadas em um terrível e negro silêncio."



.Quando Cíntia chegou,com a bandeja de nachos,algo parecia estar errado.Ela olhou para Jaqueline e perguntou,bem devagar... “Quanto tempo fiquei fora?” “Não muito,porque?” “Olhem lá para rua”.




Às 9:00h da manhã,o tempo sofreu uma grande reviravolta.Toda a claridade transformou-se em breu.Então acenderam as luzes.As árvores pareciam querer juntar-se aos anjos,tal era a força do vento,que enraivecido,soprava.Ligaram o rádio.O portão,rangia e sacudia.Os vidros refulgiam e brilhavam a cada raio e trovão,respectivamente.No começo,eram gotas pequenas,espaçadas,depois veio a densa cortina de chuva que varreu tudo que encontrou pela frente.A luz apagou-se e foram mergulhadas em um terrível e negro silêncio.O medo começou a crescer agora que podiam ouvir suas respirações.As empregadas soltaram gritinhos de pavor.Marie,tão assustada quanto,tomou frente a elas,que estavam encolhidas em um canto,de frente para a janela.A mesma dava a impressão de qualquer minuto explodir em milhões de pedaços de vidros.
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É uma pena que vocês não estivessem lá ,naquela fria e chuvosa manhã que virou noite sem aviso prévio.Queria tanto poder mostrar pra vocês a sensação de medo que aquelas 5 mulheres,de diferentes essências e idades,estavam sentindo.Ou até mesmo como tornaram-se uma,unidas pelo receio do desconhecido.Queria  tanto uma forma de poder descrever como o vento era cortante e a chuva parecia ácido,pronto para corromper a frágil janela.Quem sabe eu tire uma foto,que tal?

 Primeiro teria de subir uma árdua faixa de asfalto e cascalho,encarando o céu tempestuoso negro e revolto ,e aos poucos me aproximar da única residência da redondeza,a imensa mansão de Karina Monteiro.Fachada de vidro,telhas vermelhas, ornamentos em madeira nos cantos e tijolinho à vista nas laterais,faziam da casa dela a mais bonita da cidade.A mais cara,pelo menos.Não podemos esquecer da enorme porta de madeira ( não poderia ser diferente,não é?Lá mora um gigante de 1,50 m) que tornava a entrada nada tranqüilizadora.                                                                                   



Continuamos subindo então,porém me desculpo, o vento me empurra com a força de um touro e admito que nunca senti tanto medo de ser esmagado como agora.As palmeiras parecem canudinhos de refrigerante cravados em algodão molhado e postos em frente a um ventilador gigante.Pelo menos a mim pareceu isso.Cheguei.A porta ornamentada com imagens de vários animais não me ajuda em nada em minha tentativa de permanecer calmo antes que o céu caia em mim. Há um enorme gavião esculpido na porta e ele traz uma cobra em suas garras.Ela é boa no que faz,pensei,essa tal de Karina.A uns três metros da porta, começa a fachada que falei anteriormente.Agora sim vou conseguir tirar a minha foto.Espio lá dentro.Está muito escuro.Olho em volta.A cidade inteira fora mergulhada nas trevas,postes devem ter caído e carros colidido.Um caos.Uma senhora com cabelos grisalhos e algumas charmosas mechas brancas está parada mais à frente das outras 4 meninas.Elas parecem muito assustadas.Colo meu rosto no vidro frio e vejo com mais clareza o rosto de Marie.Ela tem traços bonitos,mesmo para sua idade já avançada,mas a preocupação trás à tona três risquinhos ao lado dos olhos acastanhados claros,são rugas.Ela ainda está com uma bandeja de nachos nas mãos e pede para uma suntuosa negra,alta e com feições delicadas de princesa africana no seu auge,pegar o telefone no andar de cima.Ela balança a cabeça negativamente e posso ver o medo mais uma vez estampado em seu rosto.A loira encolhida no canto é só trevas e dela enxergo apenas as coxas firmes e o corpo encolhido em um canto longe de mais para meus olhos cansados e inundados de chuva, verem.



                                                                                                                                                           Nossa,a foto! Estava esquecendo.Elas nem repararão no flash tímido que dispararei com tantos raios a cortar o céu.Raios e luz.Acho que Marie me viu. Ou a minha sombra talvez.Está recuando...está sibilando agora,está mais apavorada do que nunca.   

BREU: Fotografia (parte 2) - "Mentira faz as coisas parecerem seda quando são lã". "


- Prestem atenção no que vou falar agora pra vocês,preciso da total atenção de todas – A voz de Marie estava menos convicta,mais temerosa e levemente trêmula do que o normal.Sinal de mau presságio. – Ana Paula, você trancou a porta da frente?
- Tranquei sim,Marie,em seguida que a Karine saiu com a Victória. Porque?
- Por segurança,é claro.Cássia tu sabe onde estão as velas?
- No porão?- Não queria admitir,mas a palavra passou rasgando em sua garganta e apenas em pensar naquele lugar sua cabeça girou.
- Sim.É lá que estão faz um bom tempo.Nunca precisamos de velas aqui antes e isso é tão novo pra mim quanto pra vocês todas,meninas. – deu um forte suspiro e tomou a fala,rapidamente – Eu não tenho idéia de que horas sejam,um almoço tem que ficar pronto,sabiam?Os relógios são todos digitais aqui nessa casa e pelo jeito, elas não gostam muito de pilhas.
- Honestamente Marie,que se dane o almoço.Nós aquecemos a comida,Karine nem sequer almoçou aqui ontem e duvido muito que Victória se lembre do que comeu. –Disse Cíntia com uma voz meio gingada meio cantada
.
Marie olhou distraída para Cíntia,como se estivesse mergulhada  na parte mais funda de uma piscina azul.Pressão nos ouvidos,sons disformes e olhar distante.A desatenção não passou nem um pouco despercebida e só piorou quando um vago aceno de cabeça se fez.Cíntia foi ignorada e ela não gosta disso.Tinha suas razões.

- Preciso falar com vocês duas,é algo sério.- Disse Marie, com meia voz , apontando para Jaque e Cássia. Embora fosse escuro todas notaram a fulminante troca de olhares entre Ana e Cíntia.O clima pesou dentro da casa e não aliviou lá fora,não importasse o quanto chovesse.
As três levantaram-se formalmente, prendendo uma à outra com o olhar  e foram em direção á cozinha,passos rápidos,bocas coçando.A porta de correr fechou com um estalido seco.As cabeças grisalha,ruiva e morena se encontraram,os olhos se fitaram por um momento e então Marie disse: “Meninas,acho que tem alguém lá fora,espreitando,eu vi a sombra de um homem!”.Embora o tom não tenha sido alto,ela parecia estar com um megafone e o chão já não parecia mais firme,ou eram as pernas moles,mas Cássia foi segurada pelas amigas.

Aquele homem só podia ser ELE!Ele veio me buscar.Oh Deus,tentei tanto escapar.Ele achou a casa,achou a minha irmã e depois me achou.Cadê aquela mulher forte que sou?Ela nasceu quando minha filha nasceu e morreu quando minha filha foi tirada de mim,alguém em algum lugar de sua cabeça respondeu.Amanda.Minha filhinha,será que está fazendo sol aí?Será que o Orfanato é um bom lugar?Deixe de besteiras mulher!Orfanatos nunca são bons lugares.Nunca se cantam a alegria,só há a dor da solidão em suas vozes.Era verde. O que era verde?O Orfanato,verde.Tudo lá era verde.Será que Amanda usa verde?Ela sempre odiou verde!Você a abandonou,a voz tornou a repetir.Eu a abandonei?Não,não,ela foi tirada de mim!A voz era dela.Sozinha,sem mãe,sem pai. E se tiver chovendo estará também sem luz?Queria tanto ver seus olhinhos negros. Passaram-se três anos desde a última vez...que dor perder,que dor não ter.Amanda.


- Amanda? Amanda?- Cássia abriu os olhos para uma claridade alaranjada,a pupila dilatou e contraiu,os olhos doeram. – Cássia?Você está bem?Desmaiou na cozinha.Está me ouvindo?Abra os olhos. – Muito devagar ela tornou-se a ficar reta,o corpo doeu um pouco,mas nada comparado a cabeça. – Meu Deus, o que aconteceu?-
Estávamos conversando,recém entrado na cozinha e você simplesmente apagou.Aah,desculpa amiga,mas foi rápido demais!- A voz de culpa vinha de algum lugar à sua esquerda e agora com uma vela nas mãos de Ana Paula,a loirinha, ela pode ver melhor a preocupação estampada nos rostos daquelas mulheres,a tempestade não era nada perto daquilo.Ela causara pânico desmaiando assim e aai!, batendo a cabeça no chão,concluiu o pensamento.Por isso as desculpas da Ana...

- Tudo bem,não foi nada mesmo- esboçou o sorriso mais doloroso de todos e olhou mais uma vez pra elas,que formavam um meio círculo ao seu redor: Jaque com sua testa dois dedos maior que o normal, sobrancelha bem desenhada ,olhos da mesma cor de mel, pele delicada e alva,queixo fino,cabelo castanho claro e muito crespo além de sardinhas, completavam um rosto muito encantador,difícil não se apaixonar.Depois para Ana Paula, fixando em seus olhos olhos grandes e verdes,sempre pintados com lápis,delineador e muito rímel.Eram muito expressivos.Pele pálida e boca meio grudenta por causa do gloss de morango.Essa era ela.Ah,claro que o cabelo platinado que caía até a cintura não podia faltar,não seria a Ana Paula sem ele.Fitou com curiosidade Cecília,a rainha da Selva,como gostava de chamar e gostou do que viu,isso lhe incomodou um pouco. Os olhos grandes e negros,profundos e serenos como a noite,ou maus e sem esperança como a vista de um profundo poço, contudo era de fato sedutor,até quando não seduzia,algo natural.Armadilhas da natureza...quis rir,mas ela ainda sentia dor.A boca de Cecília,era recortada de revistas e editada em fotoshop,ou, uma dádiva sem nenhuma intervenção do homem. E depois Marie,a alguns centímetros dela.Linda e velha à luz alaranjada que desprendia da vela incandescente,boa e com segredos do passado ainda a serem desvendados também,mas uma mulher extraordinária,forte,organizada e amável.Com ela fechava o círculo de mulheres. 

Recostou a cabeça no encosto da cadeira almofadada bege e branca ( não tinha percebido ainda que estava sentada) e TUDO veio muito rápido,como se despejado sem delicadeza em sua cabeça.

O homem lá fora.Ricardo,seu namorado.Quem era o homem?Sua filha,Amanda,no Orfanato.Victória rindo dela.A casa que ela estava não era dela,era de alguém que segundo sua mãe,era irmã de sangue,mas nunca de alma.O cansaço da manhã de trabalho,o uniforme e a tentativa de machucar Cássia.As palmas mostrando o sucesso de Karine,cravadas a unha. TUDO. Sua mãe no caixão em um dia de chuva como esse que insistia em não parar,ela mesmo chorando horas sobre sua cama na lavanderia.O presente de ninguém,com fita Royal.Hipoglós.E um homem lá fora. PERIGO. Isso é perigo.Mas só conseguiu perguntar:

“Quem foi que trouxe as velas do porão?”. A resposta veio rápida. “Eu.Fui eu quem trouxe”. Jaqueline sorriu um pouquinho.Cássia queria dar um abração nela.Mas algo doeu mais forte e ela teve que falar.

“Eu caí dura assim?Do nada?”. “Na realidade não.Você ficou molenga,sabe?Parecia que não tinha ossos no corpo.”, foi Marie quem disse isso.
“E daí eu acordei agora?”. “Não exatamente”,disse Cíntia, a voz maldosa.”Você sibilava coisas,Cássia.Algo sobre uma tal de Amanda.E um homem também. Quem eram? Acho que já está na hora de você falar mais do seu passado,não acha?Ninguém aqui sabe nada sobre você!Ninguém sabe de onde veio,quem é!”
- Chega!Meus Deus Cíntia,que Jesus me perdoe,mas um dia você ainda vai morder essa língua e sentir o veneno nos dentes! – Marie estava quase púrpura,raivosa como ninguém nunca a vira antes.Levantara-se num pulo realmente surpreendente para sua idade.
- Eu só disse o que estava pensando!Aliás o que todas nós pensamos!- Lançou um olhar aflito em busca de ajuda para Ana Paula e Jaqueline. – Ai,não entendo o que vocês duas tem que tornam tudo tão difícil.Segredos engolem segredos por aqui,né?Olha...

- Pára.Nem eu sei quem é essa Amanda,nem esse homem,Cíntia. Eu trabalhei de mais e não comi ainda.Foi estresse,glicose baixa,sei lá.Se eu conhecesse esse “tal homem” que tu fala,das minhas alucinações,ele não seria um homem,Cíntia.Teria nome.Isso tá  ridículo.Ninguém ta protegendo ninguém,a Marie só quer manter tudo certo entre nós. Okay?”. – A voz calma de Cássia fez surtir um efeito em todos ali. Uma dose de realidade e bom senso.Tudo fabricado,é claro.Odiou-se por deixar que ouvissem seus pensamentos,odiou-se por se entregar tão facilmente,mas concertara tudo.Só com uma mentirinha.   

* Mentir não foi assim tão difícil,foi?Ela era uma mentirosa.Mas gostava disso,a mentira faz as coisas parecerem seda quando são lã. *

Um silêncio do tamanho da casa nasceu e ali ficou,típico depois de brigas como essas.Elas se olharam chateadas,raivosas e chateadas de novo.
Mas um barulho forte,firme e perigoso,equivalente a corações saltitantes e nós na garganta quebrou-o,alto como um jarro sendo jogado na parede,estridente como o roçar de dentes.Mas como o quebrar do jarro,o estalo do chicote ou a explosão de foguetes e bombinhas,ele foi rápido,porém suficientemente poderoso para acordá-las colocá-las em estado de alerta.Mais três batidas desesperadas na porta de madeira da sala fizeram-nas terem vontade se encolher até sumir.O silêncio renasceu agora,não das cinzas,mas das poças fora da casa.Só foi interrompido,segundos depois, pela perturbante imagem  recém surgida de um homem alto e “caramba, ensangüentado!”, em maltrapilhos, com a cabeça encostada no vidro,ele olhava para os pés e para trás.Lá fora parecia um grande aquário e ele era a comida do tubarão,hoje.Ele levantou os olhos,num movimento rápido e percebeu que tinha a atenção agora. Elas congelaram ao fitar os olhos azuis e inchados que ‘Meu Deus!”, olhavam pra elas também.Era raiva ou medo?Dor ou solidão?Aquele peixe estava morrendo de algo ou querendo matar? Logo elas descobririam que lá fora e aqui dentro não era tão diferente,não eram mundos tão distantes.Segredos e mistérios pipocam em todos os aquários,e por hora,elas só eram peixinhos fora d’água. Por hora...